quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

O dia 25 de dezembro.

Natal: dia em que se comemora o aniversário de Cristo. Dia, onde a família se reúne para comer e festejar. Muitas vezes, os desentendimentos se desfazem pelo motivo do Natal. Na maioria das casas no dia 25 de dezembro, há pessoas felizes rindo, batendo papo sobre a vida e contando histórias. Mas nem em todas as casas é assim. Um exemplo é a minha. 
Que eu me lembre, nunca passei um Natal com a minha família materna reunida. Motivo? Brigas. Essas malditas brigas que sempre nos afastam uns aos outros, até mesmo afastam os que não tem nada a ver com aquelas brigas. Toda a vez que nos reuníamos para alguma coisa, sempre surgia uma briga ou até mesmo ali começavam a falar mal um do outro. O pior é que nossas brigas não são coisas de no outro dia fazerem as pazes. Aqui é de ficarem meses sem se falarem e muitas vezes anos. 
Como isso sempre acontecia na minha casa, no ano de 2006(?) resolvi passar meu Natal com a minha família paterna que era maior e havia menos briga. Aquele ano foi o melhor Natal que passei até hoje, mesmo não tido muitos. Nesse Natal nós cantamos, dançamos, brindamos, rimos, trocamos presentes, nos abraçamos, nos beijamos, tudo muito alegre e divertido, como nos filmes. Era um sonho pra mim poder passar um Natal alegre com a minha família. No ano seguinte fiz o mesmo, passei lá com eles em Montenegro. Dessa vez não foi tão divertido quanto, mas foi. 
Nesse ano, quando estava chegando mais perto das festas de final de ano comecei a ficar com medo de onde iria passar o final de ano. Em Montenegro não poderia pois meu pai não iria e uma parte da família está brigada com outra. Meu pai não iria pois tinha se mudado para o campo bem longe de tudo e minha mãe nunca comemora o Natal. Foi quando eu percebi que eu tinha uma certa tristeza, um medo, talvez até um trauma, com o Natal. Eu sempre desejei que o Natal fosse um dos momentos felizes em que todo mundo está feliz e de bem com todos. Mas nunca é assim. E onde eu iria passar meu Natal dessa vez? Não havia onde. 
Num dos almoços em minha casa, eu, minha mãe e meu pai 2 começamos a conversar sobre isso e eles me contaram histórias dos Natais deles de quando eram pequenos. Minha mãe deu uma observação de que nunca tinha passado um Natal 'feliz' com a família dela, pois meu avô passava o dia no quarto chorando, saindo só para comer. Ela me falava as coisas com os olhos cheios d'água. 
No outro dia, quando fui na casa da minha melhor amiga, ela me convida para passar o Natal com ela. Eu, como sabia que lá eram boas as festas, o pessoal era animado e como não tinha lugar para ir, resolvi aceitar. Até que minha mãe me liga e me diz que nós iríamos passar o dia 25 na casa do irmão do meu pai 2. Foi ali que me coração começou a ficar apertado. Nesse mesmo dia, meu pai me diz que quer que eu vá para a casa dele passar o Natal com ele e que nós passaríamos o Natal na casa do vizinho e que iria ter uma festa grande. Meu coração mais uma vez doeu e ficou totalmente divido em partes. Onde eu iria passar o Natal desta vez? Isso que eu há poucos dias atrás não saberia onde passar.
Na hora que comecei a pensar e fiz todos os pesos e medidas, assim excluíndo a festa na minha amiga, pois considero o Natal como uma reunião com a família. Dai ficaria minha mãe e meu pai, e me refiz a pergunta: 'Onde passaria meu Natal?'. Comecei a pensar que com a minha mãe eu passava o ano todo e que eu via meu pai algumas vezes por ano, ainda mais esse ano que foi o mais difícil de todos para mim poder ver meu pai. Mas também pensei que fazia anos que não passava comemorações com a minha mãe. Assim ficando mais confusa do que já estava. Até que meu pai 2 teve a brilhante idéia de irmos na casa do meu pai no dia 23 e fazermos um churrasco lá para compensar. Foi maravilhoso. Apesar de estar cansada matei a saudade e tirei um 'peso da conciência' de não passar com ele meu Natal naquele ano. Assim resolvendo passar o dia 25 com a minha mãe. 
Hoje, dia 25, exatamente 1:20 a.m., tendo acabado de voltar de Ivoti onde passei o Natal na casa do meu 'tio', estou escrevendo esse texto. Vou ser sincera que esse Natal não se compara com o da minha família em Montenegro, mas mesmo assim foi muito bom! Revi pessoas que não via há muito tempo e me diverti. Mas uma coisa eu não deixei de fazer quando eu cheguei em casa: abraçar minha avó querida que fica sempre triste nessas datas pois a família não se reúne como ela (e eu) gostaria. Eu imagino o quanto deve ser ruim e triste para ela não passar essa data com seus filhos, netos e bisnetos. Ela estava dormindo, mas mesmo assim, minha mãe e eu fomos lhe dar um beijo e lhe desejar Feliz Natal. Eu ainda fiquei deitada com ela um tempo lhe fazendo um carinho. Tive vontade de chorar, mas estava feliz demais para chorar ali, naquele momento. 
Confesso que ainda tenho 'medo' do Natal. Mas quem sabe a cada ano esse medo venha se superando (assim espero). E eu ainda tenho esperança de que minha família materna ainda passe um Natal feliz com todos reunidos.